Saturday, April 4, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 3

Para melhor compreensãao, sugiro que leiam as outras partes antes, mas, como os posts são longos, dá pra pegar o bonde andando.




Pra quem pensa que trabalho de caminhoneiro é só dirigir, vou contar um pouco agora sobre meu primeiro trabalho como caminhoneiro.
Pra evitar um texto demasiadamente logo, vou dividir em duas partes.
Neste post, vou falar sobre o trabalho em si; no próximo, sobre o ambiente.

Através de amigos dos meus tios, consegui um emprego em Grande Prairie, a 750 km de Calgary.
Fazíamos manutenção em poços de petróleo. Trabalho pesado e longas horas...
As equipes eram formadas por 2 operários/caminhoneiros e um engenheiro que dirigia uma pick-up.
O caminhão transportava ferramentas, alguns explosivos e os cabos de aço e de computador, além de ser o escritório do engenheiro. O engenheiro ia na Pick-Up, carregando os demais Explosivos.

Fazíamos serviços de limpeza de poços, soltando uma ferramenta que recolhia o betume das bordas do encanamento pra que o petróleo fluísse;
Soltavamos ferrmenta de leitura de raios gama, pra saber onde tinha betume, certos tipos de rocha, água, petróleo, gás naural, etc.
Soltavamos ferramentas de leitura da integridade dos canos...
Por fim, uma arma (cano com explosivos direcionais) pra romper canos e rochas pra que o petróleo e/ou gás natural fluisse.
Todas as ferramentas eram muito pesadas; algumas precisavam de duas ou mais pessoas pra serem carregadas. Os caminhoneiros (e muitas vezes, o engenheiro) preparavam elas antes e depois de serem colocadas/retiradas dos poços. Todos os dados eram coletados e processados no computador. Uma vez que a ferramenta estava no poço, o trabalho não podia ser interrompido, por isso, as vezes ficávamos 18 ou mesmo 20 horas no serviço.
O que a gente menos fazia era dririgir... Carregávamos peso o tempo todo, com intervalos apenas quando uma ferramenta estava no poço e a próxima já estivesse montada e pronta pra ser colocada no poço.
Quando a temperatura era de -23 graus Célsius, o negócio era fazer tudo o mais rápido possível e entrar no caminhão pra aquecer.
Quando a gente tirava a ferramenta do poço, nossas luvas encharcavam... aí sim, como as mãos doíam.
Eu corria segurar o cano de escape do caminhão, pra aquecer as luvas antes de conectar e soltar a próxima ferramenta. Depois, corria desmontar, limpar e preparar a ferramenta rescém usada pro próximo trabalho, antes de voltar pra dentro do caminhão me aquecer. Quando o poço era raso, não dava tempo de aquecer... Tinha de preparar a terceira ferramenta, guardar a primeira e tirar a segnda do poço...
Este era o caminhão que eu (esporadicamente) dirigia... Metade do compartimeto atrás da cabine era escritório, com computador, cadeiras e um banco, controle do guincho e um forno microondas pra requentar comida. A parte de trás tinha 7500 metros de cabo de aço (com cabos de computadorpor dentro), que eram conectados às ferramentas e soltas nos poços.
Foi com uma pick-up dessas que eu me acidentei. Mais detalhes no próximo post.
As plataformas que vocês vêem na pick-up eram chamadas "rocket launchers", ou lança -foguetes. Nelas transportávamos as "armas", canos metálicos com explosivos direcionais. Caso explodissem durante o transporte, seriam lançados pra cima (parte menos frágil da arma).
Isso que está no lança-foguetes é uma ferramenta de "selar" parte do poço; também é acionada por explosivos.
Eram explosivos sensíveis, que poderiam ser detonados por pequena corrente elétrica, ou mesmo rádio ou celular.

Chegava em casa de madrugada, dormia o quanto pudesse, acordava ainda de madruga e voltava pro batente. Passava 2 ou 3 dias sem ver as pessoas que moravam comigo. Eu chegava quando eles estavam dormindo, saía antes que acordassem.

Pois é! Esse trabalho era como loteria... Eu descansando na praia, dinheiro despencando do céu, caindo dos bolsos, enfim, money entrando facinho facinho!

9 comments:

Lúcia said...

James, que loucura! Esse emprego seria um bom concorrente para aquele de 'caseiro' de uma ilha na Áustrália,né?
kkkkkkkkk
Ahhhhh, manda logo a outra parte! Nem sou curiosa, sabe...
Bjo

SamiAguiar said...

My Captain, não é mole! Depois que a gente cresce, metemo-nos em cada enrascada que só Deus sabe bem o que é!

Aguardo as cenas dos próximos capítulos!

Lúcia said...

O caminhão era ultra moderno, hein? Achei super legal! E quem diria, vocÊ transportando explosivos sensíveis! kkkkk Além da imaginação!!! Não foi com uma pickup dessas q vc dormiu ao volante? Sua vida é um milagre mesmo...

Lúcia said...

Continua tendo aulas?

Anonymous said...

Continuo sim. Mais um solo amanhã!
Ontem eu etava fazendo um treinamento diferente, técnicas de pouso pra pistas não asfaltadas (mas no mesmo aeroporto; só técnica diferente). Este é o quarto aeroporto mais movimentado do Canadá em pousos e decolagens (embora apenas pra aviões pequenos e jatinhos). Eu estava na final e um avião me cortou, entrou na minha frente a uns 300 ou 400 metros de distância. Eu tive de fazer um 360 e ele tomou muita bronca. O controlador fez relatório por escrito e o prontuário do piloto ficou fichado. Talvez ele tome uma multa de pelo-menos C$ 700.00. Ainda não sei o que vai dar, mas o controlador nos chamou no rádio no final do vôo pra pegar mais detalhes pro relatório.
Captain Forr

Chris said...

Puts James que dureza, que loucura! Pelo amor de Deus! Isso eu nunca vivi nao, e te admiro viu? Putz trabalahr pesado por 18/20 horas! Ta malucooo!!!
Talvez se voce fizesse qualquer outro curso talves voce pudesse dirigir mais! rsrs
Olha, isso nao e para qlq um, te admiro! E fora o frio ne? Puts...
Toda sorte do mundo para ti! Fica com DEus!

bju bju

Anonymous said...

É Chris...
Acho que a filosofia nordestina, de que "a rapadura é doce mas não é mole" é válida!
Captain Forr

AWO said...

Parabéns pelo teu vôo solo, Bagual!

Unknown said...

Boa noite amigo, nem sei seu nome, mas sou caminhoneiro aqui no Brasil, e gostaria muito de ser aí no Canadá, pode me ajudar?