Wednesday, April 29, 2009

Analgésicos...

Nas últimas duas noites, fui trabalhar com febre (noite anterior) e dor de cabeça (últimas duas noites).
Não se preocupem, porque não estive no México. Deve ser outro tipo de gripe.
Voltando ao assunto dor de cabeça, já falei que sou alérgico a todos os analgésicos conhecidos e minha única "opção" é sofrer?



Captain Forr

Tuesday, April 28, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 6.5

Agora que vocês conhecem as regras, podemos continuar a história.

Chegou o dia do meu primeiro vôo de helicóptero. Pela primeira vez na vida tive dúvida se realente queria ser piloto de avião (o fator decisivo foi o preço, que , pra helicóptero, é mais que o dobro).
Eramos 5 operários e 1 piloto. Pousamos em uma clareira, na neve, no meio da floresta.
Aos desavisados, eu explico uma coisa: no meio de uma floresta, onde tem clareira, tem árvores caídas/derrubadas ou restos de troncos e galhos.
Onde tem neve, o piloto não vê onde tem tronco caído, nem a inclinação real do terreno, por isso, tem de segurar firme nos controles. Caso um esqui esteja em cima de um tronco e o outro não, as asas rotativas podem acertar o chão e causar acidente.

Pausa pra explicação técnica: helicóptero não tem hélice . Embora o termo “heli” lembre hélice, a palvara helicóptero vem do grego helix/helik = "espiral" or "giro/rotação" e pteron = "asa".

Continuando…
Seguimos as orientações corretamente. Mas...
Cada um de nós desceu e se agaixou... Neve até a cintura... o último passageiro, porém, teve dificuldades em afivelar o cinto; também demorou pra retirar nossa bagagem e fechar o bagageiro.
O fato é que demorou demais pro piloto receber o sinal pra decolar.
Nós não podíamos sair de baixo do helicóptero e tivemos de aguentar muito vento do rotor, muita neve voando e muito frio até que ele decolasse.
Iniciamos o trabalho.

Mais uma pausa pra mais uma explicação:

Cada equipe era formada por 5 operários; 3 carregavam os sensores (3 cada) , 2 carregavam cabos. Os sensores de abalos sísmicos eram pesados (uns 10 kg cada) e cada cabo tinha 200 metros de comprimento. Não sei o peso, mas eram mais pesados que 3 sensores juntos.
Já que os sensores eram mais leves, os 3 operários que carregavam os sensores se revezavam andando na frente, abrindo caminho na neve pra quem carregava os cabos.
Nesse primeiro dia de transporte aéreo, eu fui o primeiro a ir abrindo caminho. 5 minutos após a partida do helicóptero, eu estava com neve até o peito. Qando senti as botas encharcadas, descobri o motivo. A neve cobria um riacho. Não vi. Caí dentro... Só precisaria esperar mais 8 horas, encharcado e a uma temperatura de -5 Celsius pro helicóptero nos buscar.
Nesse dia, só não chorei de vergonha.


Continua...

Monday, April 27, 2009

Fotos...

Faz um tempão que eu não saia fotografar, mas resolvi dar um pulinho no parque num final de tarde na semana passada...
Aproveitando que a Babi pediu, vou postar duas fotos...
Eu realmente tenho de treinar mais, pq estou perdendo a habilidade.

Casal namorando no parque...

Ganso Canadense - O gelo mal começou a derreter e ele já criou coragem pra nadar...
Poucas coisas nesse mundo me dão medo, mas uma delas é água fria...
(um parente desse camarada está sendo acusado pelo puso do teco-teco no Hudson...)

Friday, April 24, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 6.4

Pra que vocês entendam meu sofrimento em dias de trabalho com helicóptero, preciso que vocês entendam as regras de segurança de helicópteros. Somente se vocês lerem isso entenderão meu próximo post.
Vamos lá!

Descer do helicóptero e agaixar.
Jamais andar em aclive perto de um helicóptero funcionando. Caso não se veja o relevo por causa de neve ou água, descer do helicóptero, agaixar e ficar parado até que ele decole.
Antes de desembarcar, reafivelar o cinto de segurança pra que o próximo passageiro o encontre com facilidade e um passageiro não afivele o cinto alheio.
O primeiro passageiro a descer deve ir agaixado em diagonal, onde possa fazer contato visual com o piloto e sinalizar quando ele pode decolar.
Nunca andar em direção à cauda do helicóptero (é difícil de ver o rotor em movimento e difícil de julgar a distância pelo barulho, já que a turbina e rotor principal também emitem barulho).
O último a descer pega a bagagem de todos. Após trancar o bagageiro, e sair de perto do esqui, sinalizar ao primeiro passageiro, que sinalizará ao piloto que este poderá decolar novamente.

Chegou a vez da minha equipe ir de helicóptero pro trabalho. A profundiade da neve era até a cintura. Veículo terrestre nenhum chegaria ao local de trabalho. Ao custo de C$ 1300,00 por hora (por helicóptero), a empresa não nos mandaria de helicóptero pra nos divertir (embora fossem 11 minutos de diversão).

Wednesday, April 22, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 6.3

No caminho pra Tumbler Ridge, nos encontramos e juntamos à outra equipe. Agora éramos uns 60 trabalhadores. Após a longa viagem, de cerca de 700 km, chegamos a noite no acampamento.
Sei lá porque chamam de acampamento. Talvez porque o exterior seja feio. Vários conteineres adaptados, transformados em quartos. Confortável como muitos hotéis.
Quartos, banheiros, lavanderia, refeitório, sala pra tv e sinuca... tinha de tudo!
Jantei bem e fui dormir.
Os cafés da manhã eram fartos... Cereais, panquecas, pães, bolos,muffins, ovos, batatas assadas, bifes, presuntos, lingüiças, frutas, achocolatados, iogurtes, chás, refrigerantes, ..., tudo de vários tipos. As jantas eram ainda mais fartas.
No próximo dia, não agúentava de dor nos joelhos. Eu não tinha condições de trabalhar. Quem me dera ter folga (7 dias a cada 28 consecutivos trabalhados, mas eu estava a menos de 28 dias nesse eprego).
Milagre!
Neve funda e mato... Impossível que qualquer veículo entrasse no local pra entregar equipamentos. Helicópteros precisariam fazer as entregas. Um certo James foi escolhido pra auxiliar o chefe no engate dos equipamentos no cabo preso ao helicóptero. Um dos chefes, José (pronuncia Rosê - nome espanhol), que foi com a minha cara, pensou que eu fui o escolhido. Me tirou de lá rapidinho e fomos ao heliponto improvisado. Minha equipe ficou desfalcada. O trabalho atrasou porque ninguém sabia onde eu estava. Quando descobriram o engano, não quiseram perder mais tempo pra arrumar. O outro James foi no meu lugar. Meus joelhos tiveram a folga necessária.
De manhã cedo, tomei banho e corri pro refeitório. Peguei várias garrafas de água e caixas de suco, além de comida de tudo que é tipo.
Erro grave, que se repetiu algumas vezes!
A pick-up nos deixou na beira da estrada, de onde caminharíamos na neve pelo mato até o local onde deveríamos iniciar o trabalho. Cheguei lá com a língua de fora. O peso da mochila com água, comida, 2 pares extras de luva e meia era praticamente insuportável. Agora, além da mochila, tinha de carregar 30 kg de sensores.
Levei ainda uns 3 ou 4 dias pra aprender que 1 grama, ao final do dia, é equivalente a uma tonelada!
Nunca levei minha câmera, Thank God. Mas precisei de 4 dias pra aprender a não levar comida, e pouca água e sucos.
Os próximos dias ficaram piores. Muitos trabalhadores desistiram. Eram 5 a 7 desistências por dia.
Alguns veteranos apostaram entre si que eu e meu irmão iriamos desistir. Foi por isso, não por ser forte nem por outro motivo que fiquei. Não quis dar esse gostinho pra ninguém.

Continua no próximo post.

Captain Forr X Sindicato

Povo da minha terra virtual, ou melhor, leitores(as) d0 meu blog,
Estou cansado.
Pela primeira vez na semana dormi mais que 4 horas (hoje, dormi 5 horas). Estou trabalhando a noite e voando de manhã, além de cuidando da coluna e outras coisinhas a tarde.
Hoje, após dormir as 5 horas a que tinha direito, levantei de madruga, chequei a previsão do tempo (temppo ruim também pode ser bom), tive uma boa desculpa pra cancelar meu vôo solo sem pagar multa (vento forte com rajadas de través) e voltei pra cama.
Além do cansaço físico, tem o stress com o sindicato arrumando confusão "falando por mim" no trabalho.
Aqui no Canadá, os trabalhadores fazem uma votação (contra ou a favor de ter sindicato) e todos são afetados pelo resultado. Eu era contra, mas não pude votar. Tirei licença pra ir pro casamento do irmão. Voltei 28 dias antes da votação, e quem retornou de licença a menos de 30 dias não pode votar. Minha opinião não foi considerada. O povo a favor do sindicato venceu.
Todos os trabalhadores são sindicalizados - sem opção. Minha única opção seria abandonar o emprego. É o que eu pretendo fazer, assim que conseguir outro com salário igual ou próximo (graças à crise, agora tem menos empregos no mesmo nível disponíveis e muitos caminhoneiros muito mais experientes disponíveis, então, tá difícil).
Gente, não tenho nada contra a Coca-Cola. Até poucas semanas atrás, tinha o melhor ambiente de trabalho de todas as empresas pra qual já trabalhei. O sindicato está fazendo o que mais sabe.
Captain Forr

Monday, April 20, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 6.2

A história deve estar chata, já que ninguém se interessou pela parte anterior, mas vou continuar, aniway.
Nem sempre era possível pros chefes facilitar o nosso serviço. O trabalho era pesado e tinha de ser feito. Cada linha de cabos, caixas, baterias e sensores, que eram conectados ao computador dos engenheiros e geólogos tinha alguns kilômetros de comprimento e levava dias pra serem completadas. Minutos após a explosão dos dinamites, o mesmo trabalho pesado era retomado, mas ao contrário: tudo tinha de ser recolhido e carregado na pick-up. Nesse caso, o que eu poderia fazer na caçamba?
Lá estava eu, achando o trabalho difícil, mal sabendo que não ficaria mais fácil do que estava. Em mais 3 dias, viajaríamos a Three Hills (por coincidência, a primeira cidade que morei ao vir ao Canadá, onde quebrei meu pé, pra onde eu vou, em mais alguns dias quando for fazer aula de navegação aérea), onde nos juntaríamos a outra equipe pra um trabalho muito maior.
Saí da PacWest (empresa de drywall) Achando que deixei os vagabundos pra trás... Que engano. Novamente, fazíamos serviço extra pra facilitar pra outros estrangeiros que reclamavam que estávamos indo muito rápido e que o serviço deles estava pesado...
Eu andava mais paciente que meu irmão. Carregava os cabos, mais pesados que os sensores, pra que os outros carregassem menos peso. Meu irmão carregava um sensor a mais, pra que alguém carregasse um a menos.
Todo dia alguém desistia... “o trabalho era muito pesado”... Coitados. Nem viram o que era trabalho pesado, nem chegaram a Tumbler Ridge.
Após muito ouvirmos reclamações, eu ficavapermaneci quieto. Meu irmão explodiu. Gritou muito com alguns, jogado na cara o que nós fazíamos a mais pra protegê-los. Não permitiu defesa. Mandou os que estavam reclamando calarem a boca.
Terminamos o trablho em Three Hills. Acabou a moleza, que achávamos pesado. Acabou a brincadeira. Era hora de Trabalhar. Partimos pra Tumbler Ridge, aos pés das montanhas Rochosas. Chegou a hora da verdade, chegou a hora do terror.

Thursday, April 16, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 6.1

Não estava conseguindo emprego de caminhoneiro – ninguém chamava por causa das seguradoras que só queriam caminhoneiros experientes.
Vi o anúncio – que falava de um emprego e anunciava um salário muito mais alto que o real. Teria de ficar uns 2 anos na empresa pra conseguir o salário anunciado, mas isso são outros quinhentos. Eu precisava de emprego e salário; aquilo era emprego e pagava salário.
Fui com meu irmão. Preenchi formulários. Eu tinha 2 dos cursos exigidos (graças ao primeiro emprego no campo de petróleo). Ele não tinha. Meus formulários já estavam preenchidos quando finalmente o convenci a aplicar. Não sabíamos que a empresa daria os cursos exigidos.
Um dia depois, 3 empresas nos chamaram, inclusive esta última. Foi a que escolhemos.
Após 3 dias de cursos – H2S, Primeiros socorros, Como agir em caso de ataques de ursos (que podem acordar com o estouro dos dinamites), etc., etc., etc., fomos mandados pro campo.
Por algum motivo desconhecido, nós dois caímos nas graças dos chefes (tá certo que um deles era Latino, mas este nós só conhecemos uns dias depois). Quando podiam, nos selecionavam pros trabalhos mais leves.
Estavamos na região das pradarias de Provost, região plana, com aclives e declives longos, porém não muito íngrimes. Estávamos acostumados a fazer força, levantar peso, mas nada de exercícios aeróbicos. Estávamos sem o fôlego exigido para a tarefa.
O chefe, sem saber disso, já no primeiro dia me chamou de lado e me disse que o meu serviço seria diferente.
Falou:
-Fica aí na caçamba (da pick-up 4x4). Quando eu der uma buzinada, você joga um sensor. Quando eu der duas buzinadas, você joga um cabo fêmea. Quando eu parar, você joga um cabo macho, uma caixa e uma bateria (ainda hoje não sei a função das caixas...). Fiz isso.
Eu na boa, na caçamba da pick-up jogando equipamentos, enquanto o resto da equipe caminhava atrás, com neve até os joelhos (isso é muito cansativo), instalando aqueles sensores.
Eu na boa, a -33 graus Celsius, tomando vento (a temperatura mais baixa que eu enfrentei foi -43 Celsius em 1991 e novamente em 1996, mas a sensação térmica nesse dia era pior; a pick-up andando a 40km/h e eu tomando vento).
A noite eu não tinha voz... Uma semana com dor de garganta, e eu sou alérgico a absolutamente todos os analgésicos conhecidos. Só me restava sofrer.
Continua no próximo post.

Cerveja

Ontem a noite, eu, meu irmão e cunhada fomos confraternizar no bar...
Volta e meia nós vamos comer asinhas de frango e tomar uma Coca-Cola ou chá gelado.
Bem, acho que as garçonetes devem achar estranho... Os únicos clientes que desprezam as promoções de cerveja.
Até concordo que bar não é o ambiente mais comum de se tomar refrigerante, mas cerveja tem gosto horrível. Os alemães dizem que não, mas não me convencem. Também tínhamos de dirigir pra casa, e eu tive de voar hoje. Não ia tomar bebida alcoólica de nenhum tipo.
Por isso, fiquei com a Coca-Cola e resolvi terceirizar o consumo da cerveja pra
esses profissionais.

Wednesday, April 15, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 6

AVISO IMPORTANTE:
Leitores, agora acabou a parte chata da minha história profissional. Chegou a parte trágica. Não se desanimem com os posts anteriores. E aproveitem que neste blog é facinho e gratuito e não tem confirmação chata de letrinhas e deixem seus comentários e perguntas. Comments e perguntas são bem vindos. Leitores também!
Captain Forr


2005-2007 foram anos de explosão econômica do Canadá, mas principalmente em Alberta. Não tinha como olhar pro lado sem se ver anúncio de emprego.
Lembram-se que eu fiquei um ano e meio desempregado no Brasil? Pois é! Um choque foi chegar aqui e ver tudo que é tipo de empresa – lojas, restaurantes, indústrias – com anúncios de emprego na porta, e filas enormes ... de clientes, não de procura de emprego.
Saí da empresa de Dywall achando que ia ser fácil conseguir outro emprego. Quando peguei o emprego, trouxe meu irmão comigo. Quando saí, fiz o mesmo: trouxe ele comigo. Agora, eramos 2 desempregados.
Mandei muitos currículos. Ninguém chamava. Fiquei desempregado, gastando as economias por 2 meses. Quando a conta já estava seca, 3 empresas chamaram no mesmo dia (tanto eu como meu irmão). Escolhi uma no campo de exploração de petróleo – Seismic.
No verão, engenheiros e geólogos foram adiante plantando dinamite no solo, em vários lugares estratégicos e eqüidistantes. No inverno, equipes de 5 pessoas iam nesses lugares instalar sensores, conectá-los aos computadores no caminhão e detonar os dinamites, pra leitura do solo através da reflexão das ondas sonoras.
Este foi o trabalho mais pesado, difícil e sofrido que já tive. O salário pouco acima do mínimo; esforço pouco acima do limite! (Tinha um dia que passei horas dizendo pra mim: só mais o próximo passo, daí você desiste. Só não chorei de vergonha.). Hoje em dia não me lembro do sofrimento, só me lembro da aventura. E eu amo avetura.
A história é longa, então, vou dividir este post em 8 partes pra vc conseguir ler ele todinho.
Vc, ao ler isto, vai querer viver a mesma aventura. Eu vou te dar um aviso, mas vc não vai me levar a sério. Vou avisar mesmo assim: DESISTA! VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR!
Nos meus próximos post, vou ser tão enfático na aventura, nas dificuldades, na superação, que você, leitor(a) vai se imaginar na história, vai fantasiar, vai desejar ter estado junto... Meu aviso de foi em vão. Você não acreditou mesmo!
O resto da história fica pro próximo post.

Certificado de Legalidade


Eu sou legal e tenho um certificado pra provar.

Esse porquinho tem a minha cara, não?



Uma das coisas que levou a Lucia a me dar este cetificado é o fato de eu manter desativado aquele "código de letrinhas" anti-spam pra comentários no meu blog...
Vamos lá minha gente. Vamos mudar a blogosfera. Vamos boicotar (deixando de comentar, não necessariamente visitar) os blogs que exigem confirmação das malditas letrinhas pra postar comentários.

Quem for legal, que pegue o selinho e ajude a linchar que mantém o recurso ativad no seu blog.

Captain Forr

Monday, April 13, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 5

Agora já estamos em meados de junho de 2006.
Retornando do Brasil, eu e meus irmãos fomos morar temporariamente de favor na casa dos tios. Hora de procurar casa e emprego.
Era a época do boom do petróleo e pessoas do Canadá inteiro estavam vindo pra Alberta, a província mais próspera, pra procurar emprego. Isso gerou um déficit enorme de moradias.
Graças a uma amiga brasileira, o condomínio nos passou na frente de muita gente e nos alugou um apartamento.
O emprego me veio rápido: Entrega de Drywall (compensados de gesso, cerragem, cimento e fibras pra fazer paredes das casas). 3 dias depois, consegui que contratassem meu irmão pra trabalhar no depósito, selecionando produtos encomendados.
O trabalho era pesado, mas o pior é que drywall é frágil. Tinhamos de entregar a quantia certa no cômodo que o cliente quisesse. Isso requer muito cuidado no transporte manual (o caminhoneiro e ajudante carregando do caminhão pra dentro da casa). Tinhamos de subir e descer escadas carregando a desgraça sem quebrar. Resultado: quebravamos a coluna, ma não o drywall.
O caminhoneiro era o chefe da dupla; era cobrado pelo tempo e desempenho; era qem ficava com o rádio sendo cobrado pelo despachante.
Cansei de trabalhar com vagabundos. Quase todos estrangeiros, e, pra vergonha minha e do meu irmão, um brasileiro vagabundo que não falava inglês... Sobrava pra nós traduzir as broncas, e cobrança dos demais empregados pra forçá-lo a trabalhar.
Não sei como vocês me vêem, mas eu me julgo educado. Cansei de expulsar ajudantes que mexiam (de forma muito grosseira) com as meninas na rua. Cansei de expulsar vagabundos do meu caminhão.
A empresa cansou do brasileiro vagabundo no caminho selecionando encomendas. Colocaram ele como meu ajudante. Ficou 3 dias. Se não quer trabalhar, cai fora que isso é favor pra mim. Expulsei mais um.
Sabendo que seria demitido, me chingou um monte em português e inglês, me cumprimentou com o dedo do meio e pediu demissão.
Após 5 meses quebrando a coluna pra não quebrar o maldito produto, não agüentei. Pedi demissão. 5 semanas indo pelo menos 3 dias por semana no quiropracta arrumar a coluna.
Chegou a hora de procurar outro emprego que também* despejasse money a torto e a direito no meu colo.


* descobri mais tarde que a concorrência pagava cerca de 50% a mais.

Friday, April 10, 2009

How Deep the Father's Love for Us

How Deep the Father's Love for Us
Written by Stuart Townend

How deep the Father's love for us, how vast beyond all measureThat he should give his only son, to make a wretch his treasureHow great the pain of searing loss, the Father turned his face awayAs wounds which mar the chosen one, bring many sons to glory

Behold the man upon a cross, my sin upon his shouldersAshamed, I hear my mocking voice call out among the scoffersIt was my sin that held him there until it was accomplishedHis dying breath has brought me life; I know that it is finished

I will not boast in anything: no gifts, no power, no wisdomBut I will boast in Jesus Christ; his death and resurrectionWhy should I gain from his reward? I cannot give an answerBut this I know with all my heart: his wounds have paid my ransom

© 1995 Kingsway's Thankyou Music
CCLI #1596342

Wednesday, April 8, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 4

Novamente, é recomendável ler as partes anteriores primeiro, mas dá pra pegar o bonde andando...
Desta série, é o último dos textos longos.
Neste emprego, eu trabalhava um mínimo de 14 horas por dia, com média de 15 horas. 16 horas eram freqüentes; 18 não eram incomuns, e, nos 5 meses que fiquei nesse emprego, 5 vezes fiquei 20 horas no batente. Trabalhava 15 dias seguidos e descansava 6.
Ganhava por serviço, não por hora. O salário médio era razoável, mas nunca sabia quanto ia ganhar. As vezes, após 16 horas, ganhava C$ 40,00, outras vezes, C$300.00. Se o serviço demorasse 3 dias, C$ 300,00 era pouco.
Bem, o pé torcido pro lado ainda incomodava. O cansaço era perigoso na hora de dirigir. Nos 5 meses que fiquei nesta empresa, foram 5 acidentes, 2 fatais (3 mortes, mas ninguém que eu conhecesse. A empresa era grande e tinha várias bases).
As equipes eram formadas por 2 operários/caminhoneiros e um engenheiro.
O caminhão transportava ferramentas, alguns explosivos e os cabos de aço e de computador, além de ser o escritório do engenheiro. O engenheiro ia na Pick-Up, carregando os demais Explosivos.
O trabalho era muito pesado, as pessoas, no geral, arrogantes e ignorantes. Logo que eu cheguei na empresa, o engenheiro me chamou e me avisou sobre o ambiente e me disse: “não se esqueça, nesse meio, só nós dois temos estudo”. Já sabem como eu era tratado. O “University Boy” (termo irônico em tom de desprezo) era o burro que não sabia o nome das ferramentas...
Cinco meses... Muita perseguição... muito desrespeito... Até que não agüentei. Tive de tomar posição. Levantei a voz algumas vezes. Certa vez, por não acatar ordem (a base de gritaria e palavrões) de um colega caminhoneiro pra buscar uma ferramenta, quase apanhei. Quando ele me empurrou (e eu quase caí da caçamba do caminhão, por causa do pé), empurrei o cara de volta. Quando ele fechou a mão pra me dar o soco, pensei em milhonésimos de segundo: “se ele me bater, afundo o nariz dele; se ele bater e der as costas, afundo a nuca dele e azar da viúva e órfãos”. Ele deve ter lido isso no meu olhar, porque ele parou imediatamente. Eu fiquei tremendo muito e por muito tempo, porque eu sabia que sou forte suficiente pra ter matado ele com um único golpe.
Alguns dias depois, com o médico se recusando a me mandar pra um especialista (aqui, por falta de profissionais, o paciente só pode ir a um especialista com referência do clínico geral), decidi que era hora de ir ao Brasil. Juntei meus salários, paguei a dívida a vista (embora ainda tivesse mais um mês de carência antes da primeira de 36 parcelas), comprei passagem pro Brasil e paguei a cirurgia (não ganhava tanto quanto as pessoas achavam, mas ganhava bem e economizei muito).

8 dias após chegar no Brasil, o médico tirou o tecido cicatricial que impedia que os ligamentos recolassem no osso, assim como o pedaço de osso solto dentro do meu pé que o corpo rejeitou e causou inflamação.... Um pouquinho mais grave que “músculo atrofiado.”

Pausa pra prgunta:

Músculo fica atrofiado 11 meses pra uma pessoa hiperativa?

Nesta época, reencontrei a Lucia, o Claudio e o Fernando entre outros ex-colegas de faculdade.

Ainda estava recuperando da cirurgia quando meu irmão me ligou do Canadá... “Forr, acabei de ver na televisão que mais dois da sua empresa se acidentaram e morreram.”
Eu sabia a causa do acidente. Estava decidido: O próximo vai ser comigo novamente *. Pra este emprego não volto!


* Certo dia, trabalhamos 20 horas seguidas. Dormimos 4 horas e retornamos ao trabalho por mais 18 horas. Dois dias depois, a empresa me mandou ajudar outra equipe, onde um dos caminhoneiros quebrou o dedo e precisava substituto. Eu estava cansado... peguei a pick-up da empresa, tomei um energético e fui encontrar a outra equipe. Não senti sono. Acordei acertando uma árvore com a lateral da Silverado. Derrapei e voltei pra vala, derrapando de lado. Só não capotei porque a água estava congelada e o carro derrapou sem resistência. Parei a uns 50 cm de uma barreira de pedras, que nivelava uma estrada de ferro. Resultado: duas unhas quebradas, um eixo torto e C$ 7000.00 de prejuízo pra empresa.
Cheguei em Edmonton a noite, de carona no guincho. De manhã, me pegaram pra exame de bafômetro e urina. De lá, mais 20 horas seguidas de trabalho imediatamente após meu acidente por dormir no volante.

Saturday, April 4, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 3

Para melhor compreensãao, sugiro que leiam as outras partes antes, mas, como os posts são longos, dá pra pegar o bonde andando.




Pra quem pensa que trabalho de caminhoneiro é só dirigir, vou contar um pouco agora sobre meu primeiro trabalho como caminhoneiro.
Pra evitar um texto demasiadamente logo, vou dividir em duas partes.
Neste post, vou falar sobre o trabalho em si; no próximo, sobre o ambiente.

Através de amigos dos meus tios, consegui um emprego em Grande Prairie, a 750 km de Calgary.
Fazíamos manutenção em poços de petróleo. Trabalho pesado e longas horas...
As equipes eram formadas por 2 operários/caminhoneiros e um engenheiro que dirigia uma pick-up.
O caminhão transportava ferramentas, alguns explosivos e os cabos de aço e de computador, além de ser o escritório do engenheiro. O engenheiro ia na Pick-Up, carregando os demais Explosivos.

Fazíamos serviços de limpeza de poços, soltando uma ferramenta que recolhia o betume das bordas do encanamento pra que o petróleo fluísse;
Soltavamos ferrmenta de leitura de raios gama, pra saber onde tinha betume, certos tipos de rocha, água, petróleo, gás naural, etc.
Soltavamos ferramentas de leitura da integridade dos canos...
Por fim, uma arma (cano com explosivos direcionais) pra romper canos e rochas pra que o petróleo e/ou gás natural fluisse.
Todas as ferramentas eram muito pesadas; algumas precisavam de duas ou mais pessoas pra serem carregadas. Os caminhoneiros (e muitas vezes, o engenheiro) preparavam elas antes e depois de serem colocadas/retiradas dos poços. Todos os dados eram coletados e processados no computador. Uma vez que a ferramenta estava no poço, o trabalho não podia ser interrompido, por isso, as vezes ficávamos 18 ou mesmo 20 horas no serviço.
O que a gente menos fazia era dririgir... Carregávamos peso o tempo todo, com intervalos apenas quando uma ferramenta estava no poço e a próxima já estivesse montada e pronta pra ser colocada no poço.
Quando a temperatura era de -23 graus Célsius, o negócio era fazer tudo o mais rápido possível e entrar no caminhão pra aquecer.
Quando a gente tirava a ferramenta do poço, nossas luvas encharcavam... aí sim, como as mãos doíam.
Eu corria segurar o cano de escape do caminhão, pra aquecer as luvas antes de conectar e soltar a próxima ferramenta. Depois, corria desmontar, limpar e preparar a ferramenta rescém usada pro próximo trabalho, antes de voltar pra dentro do caminhão me aquecer. Quando o poço era raso, não dava tempo de aquecer... Tinha de preparar a terceira ferramenta, guardar a primeira e tirar a segnda do poço...
Este era o caminhão que eu (esporadicamente) dirigia... Metade do compartimeto atrás da cabine era escritório, com computador, cadeiras e um banco, controle do guincho e um forno microondas pra requentar comida. A parte de trás tinha 7500 metros de cabo de aço (com cabos de computadorpor dentro), que eram conectados às ferramentas e soltas nos poços.
Foi com uma pick-up dessas que eu me acidentei. Mais detalhes no próximo post.
As plataformas que vocês vêem na pick-up eram chamadas "rocket launchers", ou lança -foguetes. Nelas transportávamos as "armas", canos metálicos com explosivos direcionais. Caso explodissem durante o transporte, seriam lançados pra cima (parte menos frágil da arma).
Isso que está no lança-foguetes é uma ferramenta de "selar" parte do poço; também é acionada por explosivos.
Eram explosivos sensíveis, que poderiam ser detonados por pequena corrente elétrica, ou mesmo rádio ou celular.

Chegava em casa de madrugada, dormia o quanto pudesse, acordava ainda de madruga e voltava pro batente. Passava 2 ou 3 dias sem ver as pessoas que moravam comigo. Eu chegava quando eles estavam dormindo, saía antes que acordassem.

Pois é! Esse trabalho era como loteria... Eu descansando na praia, dinheiro despencando do céu, caindo dos bolsos, enfim, money entrando facinho facinho!

Wednesday, April 1, 2009

Canadá- Terra da vida fácil e $ sem limites... Parte 2

Continuação... Pra fazer sentido, recomendo que vc leia o post anterior antes deste.
Sete semanas mais tarde tirei o gesso. Uma perna de Roberto Carlos (jogador), outra de saracura. Um pé pra frente, outro pro lado. O médico dizia que era por causa do tempo no gesso - músculos atrofiados.
Mais 8 dias trabalhando no cortume, ganhando pouco mais que um salário mínimo (valor por hora, não por mês... Poucas horas trabalhando no mmês = salário minúsculo).
Bem, eu já disse, estava fora de forma e não aompanhava o ritmo dos outros operários. Com o pé naquele estado, não aguenava carregar os 2 baldes de 20 kg de sal cada. Enfim, era mandado pra casa cedo todo dia.
Abandonei o emprego. Precisei alguns dias pra perder o cheiro de porco (apesar dos banhos normais e de piscina (pra ficar no cloro) e poder me aproximar das pessoas.
O empréstimo saiu. Me mudei pra Calgary pra fazer o curso, mas agora estava desempregado e endividado.
Comecei o curso. Andava de bicicleta emprestada, porque não tinha dinheiro pra ônibus. Ia pra escola no frio, na chuva, sempre de bicicleta.
Não conseguia emprego por causa dos horários malucos das aulas.
Enfim, economizava cada moeda (literalmente) que podia. Pagava aluguel e comida com $ emprestado. A coisa estava ficando preta. Financeiramente eu estava encrencado.
Um desses dias, comprei comida pro mês e contei o dinheiro restante: 15 dólares em cédulas, e 84 dólares em moedinhas economizadas. Minhas moedinhas eram minha esperança...
Será?
Encontrei um missionário sufocado financeiramente. Tenho certeza que foi Deus quem me mandou fazer o que tinha que ser feito. Lá se foram minhas moedinhas. Agora, só tinha C$15 pra sobreviver o resto do mês. Sem saber, meu irmão me deu mais C$10!
Mas Deus é Fiel. Dois dias depois, fiquei sabendo de uma agência de trabalhos temporários, onde mandam pessoas que querem trabalhar pra serviços aleatórios. Hoje trabalha aqui, amanhã, ali...
Me mandaram pra uma empresa de paisagismo muito boa, onde o chefe gostou de mim e pediu que eu voltasse. Mais tarde, virou minha referência pra outros trabalhos como caminhoneiro. Acabei ficando até terminar o curso de caminhoneiro. Não precisava ir nos dias de aula.
Os pagamentos eram a cada duas semanas. Com um salário eu pagava o aluguel de um quarto, com o outro eu comprava comida. Fiquei nessa uns 3 meses.
Plantei árvores, preparei sistema subterrâneo de irrigação, plantei grama, ..., fiz paisagismo num bairro onde o valor das casas variava entre C$ 600.000,00 e C$3.000.000,00.
Bem, terminei o curso de caminhoneiro e passei desta pra melhor (financeiramente; o emprego era pior, Mas isso eu conto no próximo post).