Para melhor compreensãao, sugiro que leiam as outras partes antes, mas, como os posts são longos, dá pra pegar o bonde andando.
Pra quem pensa que trabalho de caminhoneiro é só dirigir, vou contar um pouco agora sobre meu primeiro trabalho como caminhoneiro.
Pra evitar um texto demasiadamente logo, vou dividir em duas partes.
Neste post, vou falar sobre o trabalho em si; no próximo, sobre o ambiente.
Através de amigos dos meus tios, consegui um emprego em Grande Prairie, a 750 km de Calgary.
Fazíamos manutenção em poços de petróleo. Trabalho pesado e longas horas...
As equipes eram formadas por 2 operários/caminhoneiros e um engenheiro que dirigia uma pick-up.
O caminhão transportava ferramentas, alguns explosivos e os cabos de aço e de computador, além de ser o escritório do engenheiro. O engenheiro ia na Pick-Up, carregando os demais Explosivos.
Fazíamos serviços de limpeza de poços, soltando uma ferramenta que recolhia o betume das bordas do encanamento pra que o petróleo fluísse;
Soltavamos ferrmenta de leitura de raios gama, pra saber onde tinha betume, certos tipos de rocha, água, petróleo, gás naural, etc.
Soltavamos ferramentas de leitura da integridade dos canos...
Por fim, uma arma (cano com explosivos direcionais) pra romper canos e rochas pra que o petróleo e/ou gás natural fluisse.
Todas as ferramentas eram muito pesadas; algumas precisavam de duas ou mais pessoas pra serem carregadas. Os caminhoneiros (e muitas vezes, o engenheiro) preparavam elas antes e depois de serem colocadas/retiradas dos poços. Todos os dados eram coletados e processados no computador. Uma vez que a ferramenta estava no poço, o trabalho não podia ser interrompido, por isso, as vezes ficávamos 18 ou mesmo 20 horas no serviço.
O que a gente menos fazia era dririgir... Carregávamos peso o tempo todo, com intervalos apenas quando uma ferramenta estava no poço e a próxima já estivesse montada e pronta pra ser colocada no poço.
Quando a temperatura era de -23 graus Célsius, o negócio era fazer tudo o mais rápido possível e entrar no caminhão pra aquecer.
Quando a gente tirava a ferramenta do poço, nossas luvas encharcavam... aí sim, como as mãos doíam.
Eu corria segurar o cano de escape do caminhão, pra aquecer as luvas antes de conectar e soltar a próxima ferramenta. Depois, corria desmontar, limpar e preparar a ferramenta rescém usada pro próximo trabalho, antes de voltar pra dentro do caminhão me aquecer. Quando o poço era raso, não dava tempo de aquecer... Tinha de preparar a terceira ferramenta, guardar a primeira e tirar a segnda do poço...
Este era o caminhão que eu (esporadicamente) dirigia... Metade do compartimeto atrás da cabine era escritório, com computador, cadeiras e um banco, controle do guincho e um forno microondas pra requentar comida. A parte de trás tinha 7500 metros de cabo de aço (com cabos de computadorpor dentro), que eram conectados às ferramentas e soltas nos poços.
Foi com uma pick-up dessas que eu me acidentei. Mais detalhes no próximo post.
As plataformas que vocês vêem na pick-up eram chamadas "rocket launchers", ou lança -foguetes. Nelas transportávamos as "armas", canos metálicos com explosivos direcionais. Caso explodissem durante o transporte, seriam lançados pra cima (parte menos frágil da arma).Isso que está no lança-foguetes é uma ferramenta de "selar" parte do poço; também é acionada por explosivos.
Eram explosivos sensíveis, que poderiam ser detonados por pequena corrente elétrica, ou mesmo rádio ou celular.
Chegava em casa de madrugada, dormia o quanto pudesse, acordava ainda de madruga e voltava pro batente. Passava 2 ou 3 dias sem ver as pessoas que moravam comigo. Eu chegava quando eles estavam dormindo, saía antes que acordassem.
Pois é! Esse trabalho era como loteria... Eu descansando na praia, dinheiro despencando do céu, caindo dos bolsos, enfim, money entrando facinho facinho!