Sunday, June 17, 2007

Redigir bem

Em tempos de universidade, eu, Captain Forr, costumava escrever muito, inclusive, textos que nada tinham a ver com a Universidade. Eu simplesmente escrevia.
Ouvi de proessores, amigos e colegas de faculdade, inúmeros elogios por meus textos bem escritos.
Também cansei de ler textos horríveis.
Rescentemente, após dois anos fora da Universidade, resolvi voltar a escrever (notando que meus e-mails estavam se tornando longos e chatos).
Enviei o texto abaixo para a Hadassah dar sua opinião, pq ela escreve bem...
Mas, como diz meu irmão, Captain A, "quem pergunta corre o risco de ouvir resposta".).
Ela discordou em muitos pontos, criticou minha pontuação, divisão de parágrafos... Enfim, em palavras sutis, me deixou saber que eu não sei redigir tão bem quanto outros diziam.
Precisei pedir a opinião da minha mãe, jornalista e redatora experiente, que concordou em parte com a Hadassah, em parte comigo.

Por favor, leiam o texto e me digam : A Hadassah é a única pessoa honesta, ou a única pessoa errada?

Redigir bem não é tarefa fácil e não se aprende da noite para o dia. Como qualquer outra habilidade, só se desenvolve com treino.
Ao contrário de andar de bicicleta, que, uma vez aprendido nunca se esquece, redigir bem exige prática constante. Como músculos que, sem exercício se atrofiam, habilidades literárias também podem atrofiar.
Redigir bem é uma arte que exige, além de prática, muita leitura.
Uma estrutura básica para qualquer texto consiste em contextualizar, afirmar, justificar a afirmação, e concluir.
Em situações especiais, e dependendo da habilidade do escritor e tipo de texto, outra estrutura é aceitável: afirmação, contextualização, justificativa e conclusão.
Certa vez, meu pai me ensinou: “primeiro, você diz o que vai dizer; depois, diz o que disse que ia dizer. Por fim, diz o que disse.”.
Aí é que entra a importância da leitura.
Quem lê bastante consegue distinguir melhor um texto bem escrito de um mal escrito. Mesmo não sendo um redator, reconhece um texto ruim e tem grandes chances de reescrever, melhorando.
Quem lê tem mais conteúdo para contextualização e justificativa, além da autoridade do conhecimento de causa para embasar suas afirmações.
Citações, diretas ou indiretas, sempre enriquecem um texto.
Por fim, quem lê habitualmente, sabe que existem dois tipos de textos: os atraentes e os chatos.
Quer sejam curtos, quer longos, o importante é que tenham conteúdo.
Muitos textos falam muito, mas dizem pouco. Nas palavras da amiga Hadassah, nos tais “falta tudo, menos palavras”.
Nesse sentido, ao determinar que os trabalhos tenham um mínimo de páginas (geralmente, muito maior que o ideal), as universidades têm prestado um desserviço à sociedade. Esgota-se o assunto, mas, com a exigência de “linguagem científica ao invés de jornalística”, professores exigem um texto inchado “com palavras, sem assunto, porém, científico”* , como se textos científicos tivessem, obrigatoriamente, que ser cansativos.
Alunos acabam pecando contra a boa redação, desenvolvem o vício de textos prolixos, e se tornam peritos em enrolação.
Se é inevitável que o assunto se estenda, dada a complexidade ou extensão do assunto, ainda há esperança. O bom autor saberá tornar a leitura interessante dividindo o texto em tópicos e capítulos.
As afirmações devem ser claras e concisas, com introdução, contextualização e justificava em frases e parágrafos curtos. A conclusão segue o mesmo parâmetro de clareza e elegância.
Finalmente, este autor recomenda que um texto seja escrito pelo menos três vezes. A primeira, com o coração; depois, com a razão, enxugando, corrigindo, melhorando as versões anteriores.


Captain Forr*



* Captain Forr é Bacharel em Administração com habilitação em Finanças. Seu trabalho de conclusão de curso teve cerca de 160 páginas, das quais apenas 50 com conteúdo. A introdução original, de 6 páginas, não agradou ao professor orientador, que exigiu que fosse aumentada para 20 páginas. Ficou satisfeito, embora o conteúdo continuasse o mesmo, diluído num mar de palavras desnecessárias.
** Este texto foi escrito e revisado 3 vezes pelo autor, além de uma amiga e uma jornalista.

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